O Pacote das Pipocas

É desta que não me calo!

terça-feira, julho 26, 2005

Culpa por ir de férias

Segundo um inquérito realizado pela Teletext Holidays a duas mil pessoas, metade das pessoas que vão de férias são interrompidas com chamadas do emprego, não conseguindo, consequentemente, abstrair-se dos assuntos relacionados com o mesmo. Duas em cada cinco sentem-se culpadas por irem de férias.

O mesmo estudo conclui ainda que as pessoas estão cada vez mais ligadas ao seu trabalho e têm dificuldade em ausentarem-se, tanto em férias como em folgas.

De facto, sempre que vou de férias ligam-me consecutivamente com assuntos que não lembram a ninguém. Já desliguei o telemóvel e já o deixei sem bateria. Sem sucesso. Na realidade, sempre que o fazia, tinha dúzias de mensagens. Se o deixo ligado, tenho dúzias de telefonemas. Até já tentei abstrair-me ao ponto de evitar atender sempre que ligavam. Mas ficava em suspenso a imaginar o que haveria de urgente.

Por um lado nasce um sentimento de culpa, de incómodo, que só ao fim de uma semana começa a diluir-se (se os telefonemas não pararem, este sentimento nunca passa). Por outro, não se consegue desligar, mesmo que queiramos.

Tendo em conta que cada vez mais pessoas tiram duas semanas de férias (e as outras que sobram repartem pelo resto do ano), em vez do saudoso mês inteiro que era habitual há uns 20 ou 30 anos atrás, certo é que quando regressamos ao trabalho, a sensação de férias perdura apenas um dia. O stress não nos larga e suspiramos pelos próximos dias de ausência.

Isto tudo para dizer que este ano tentaram de mil e uma maneiras alterarem as minhas férias. Conseguiram. Tanto que, a certa altura, fiquei apenas com a “opção” de escolher o mês de Agosto, que é o mesmo que dizer: mês de confusão, de época alta e do qual me lembro apenas dos tempos de primária, liceu e faculdade.

Ok.

Se não podes lutar contra, junta-te a eles. Assim decidi tirar quase o mês todo de férias. Inteirinho, só para mim e para mais ninguém. E agora que estou em vésperas de me ausentar, pela primeira vez não sinto culpa. Sinto-me ansiosa por 22 dias de férias que me vão saber… a pato!!

segunda-feira, julho 25, 2005

Terrorismo

“italianos esperam tensos a sua "vez"
"Mais tarde ou mais cedo vai ser a nossa vez". Como Ilaria Rambelli, 33 anos, numerosos italianos receiam que a península seja o próximo alvo de um ataque terrorista.(…)” (in Público.pt, 25Jul05, reportagem de Andrea Bambino AFP)

E depois dos Italianos, será quem? Seremos nós?
Na realidade pergunto-me: será que alguém virá até Portugal preparar um ataque terrorista?? Será que se vão dar ao trabalho? É que já estamos tão miseráveis…

Já temos arrastões.
Já temos assaltos aos parquímetros perpetrados por adolescentes ou jovens adultos.
Já temos desgraçados deambulando pelas cidades, uns sem emprego, outros “drunfados até à medula”.
Já temos 25 mortos, 63 feridos graves e 691 feridos ligeiros em 2083 acidentes rodoviários, 2220 infracções graves e 411 muito graves ao Código da Estrada, apenas entre 18 e 24 de Julho (segundo dados da Brigada de Trânsito da GNR).
Já temos Portugueses a sorrir, de orelha a orelha, apenas devido aos antidepressivos.

E até já somos o 17º país mais corrupto (será a nível mundial??? Tenho que esclarecer esta dúvida que me invade)

De facto atentados, neste momento, só se forem ao pudor! E mesmo assim tenho dúvidas. É que abalos sistemáticos vão acontecendo todos os dias em Portugal, desde a política à cultura, passando pela economia e mais não sei quê…

sexta-feira, julho 22, 2005

Rei posto, rei morto?

Ai que as comadres se zangam!

Então o novo (ex?) Ministro do Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, não entrega a declaração de rendimentos e património a que está obrigado, desde 2000, ao abrigo de uma interpretação mais liberal da lei???

E segundo a lei, a partir do momento em que for notificado pela entidade competente tem de regularizar a sua situação no prazo máximo de 30 dias. Se não o fizer pode perder o mandato, ser demitido ou destituído judicialmente.

Bom... aguardam-se cenas dos próximos episódios desta grandiosa novela.

quinta-feira, julho 21, 2005

Eis senão quando....

Temos novo ministro!

"O novo ministro de Estado e das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, afastou hoje um novo agravamento dos impostos, sublinhando que a acção prioritária do Governo será na redução da despesa do Estado.

Em declarações aos jornalistas, minutos depois de tomar posse no Palácio de Belém, Teixeira dos Santos assegurou que a política do Governo está definida e será para manter. “Uma política de rigor, que será para aprofundar. Portugal irá honrar os seus compromissos que assumiu no âmbito da Comissão Europeia e que ontem teve boas notícias”, frisou o ministro, que substitui o independente Luís Campos e Cunha." (in Público, 21Jul05)

Dizem as más-línguas (mas com fundo de verdade) que devido às divergências entre o ex-Ministro e o Governo, Campos e Cunha acabou por ser demitido por Sócrates. Sabe-se, por exemplo, que o ex-Ministro das finanças mantinha um discurso diferente relativamente a projectos de investimento, como o novo aeroporto da Ota e o TGV (como é que os fundos públicos suportam estes dois financiamentos em simultâneo? Mas somos um país de sonhadores, hein?!!)

Sabe-se que Sócrates tinha defendido a moralização da vida pública, começando pelos titulares de cargos públicos. O pior é que também se sabe que o próprio Campos e Cunha acumulava salário como Ministro e a reforma de Vice-Governador do Banco de Portugal. Aliás, logo a seguir à notícia ter saído no semanário O Independente, a 03 de Junho, veio o ex-Ministro das finanças defender que a sua situação era legítima e legal.

Segue-se o jornal Diário Económico a noticiar os erros no Orçamento Rectificativo. Estala mais verniz…

No início deste “radioso” mês de Julho vem o gabinete do Primeiro-Ministro afirmar (desculpar, diria eu) que as afirmações de Sócrates à SIC sobre o não aumento dos impostos, conforme defendera em campanha, se referia apenas a 2006 (uiiii, temos dom da adivinhação e futurologias!!).

Já a estalar… ou a descarrilar, sei lá, Campos e Cunha na semana passada, num artigo de opinião para o jornal Público, apelava a um investimento público criterioso e deixava o aviso no ar de que poderão vir a ser necessárias novas medidas de contenção (atenção que já dói e muito os 21%....).

Na realidade, será que alguém se recorda que o país está a ser assolado por uma grave crise económica e, estou convicta, social e cultural?

Será que o El Niño teve dedinho de ouro nisto, a par da seca?

segunda-feira, julho 18, 2005

Os milionários de Portugal

"A Galpenergia fez várias contratações milionárias nos últimos anos. Nomes ligados à política foram integrados nos quadros da empresa. O "Expresso" denuncia vários casos como os de Freitas do Amaral (actual Ministro dos Negócios Estrangeiros), de Manuel Queiró (ex-deputado do CDS), e Guido Albuquerque (familiar do ex-Ministro Morais Sarmento). Comentários de Hugo Basto, Comissão de Trabalhadores da Galp Energia. O "Expresso" revela ainda os vencimentos de alguns jovens quadros da empresa como o do filho de Horta e Costa, presidente da Portugal Telecom." (in SIC Noticias, 16Jul05, Jornal de Síntese)

Vá! Admitam que dói porque, na realidade, dói!!!
Como o meu caro amigo Zorze (http://alienacaozorziana.blogspot.com/) diria: entraram-me pelo esfíncter dentro e não pagaram!!

Na verdadeira acepção da palavra, não terão entrado por aí, mas todos os meses vão-me ao bolso com o IRS e todos os dias os 21% continuam a malhar e bem no meu porta-moedas-não-elástico.

Já agora, se alguém souber o best way to também-quero-ser-milionário-em-Portugal, liguem-me, deixem-me mensagem, escrevam-me, sei lá… qualquer coisita “poramordedeus”.

“António Mexia vai processar o "Expresso" por difamação. O antigo Ministro das Obras Públicas contesta a manchete do semanário que aponta Mexia com um dos responsáveis por gastos milionários na Galp. O semanário denuncia a situação de um quadro superior que recebeu uma indemnização de 290 mil euros para sair da empresa, e que poucos dias depois de Mexia sair da Galp para o Governo, o mesmo quadro foi admitido na Refer, uma empresa tutelada pelo seu ex-patrão. Outro dos exemplos citados tem a ver com Freitas do Amaral, actual Ministro dos Negócios Estrangeiros. O "Expresso" diz ainda que entre os altos quadros contratados nos últimos 5 anos, está um familiar do ex-Ministro Nuno Morais Sarmento e o filho recém-licenciado do presidente da PT, Miguel Horta e Costa. Com uma nova proposta de aumentos, Murteira Nabo passa de 15 mil para mais de 20 mil euros. (in RTP, 16Jul05, Telejornal)

Ena, Ena! O Expresso vai ser processado, porque para variar o “tiro no escuro” acertou em alguém…

Desculpem lá a mordacidade, mas… alguém me pode esclarecer como é que um recém-licenciado consegue ser um alto–quadro, bem contratado e remunerado, deixando de fora as escolhas mais evidentes que seriam os quadros já existentes na empresa em questão? E este recém-adquirido alto-quadro sabe ao menos da matéria, ou fizeram-lhe o jeito e contrataram mais um iluminado?
Pronto, e já não quero (nem me apetece, que fico mal disposta) falar dos outros iluminados: os que entraram a ser pagos a peso de ouro e os que saíram com indemnização.

É questão para perguntar: quanto valem estes senhores em dinheiro (e outros que tais) para não voltarem a usar e a abusar dos altos cargos e patentes que lhes “caiem do céu”. Nem usar e abusar de nós, que estupidamente ainda lhes pagamos.

Alberto João, volta que estás perdoado!
É que apesar de tudo esta figura ainda consegue torcer o boi pelo rabo e sempre vai lançando umas verdades ao ar… (embora nem sempre eu concorde com elas, a bem dizer).

quinta-feira, julho 14, 2005

Ballet Gulbenkian

A Fundação Calouste Gulbenkian anunciou em comunicado, no dia 5 de Julho, a extinção do Ballet Gulbenkian. Ainda segundo o comunicado em questão, o Ballet Gulbenkian foi extinto "no quadro de reestruturação" da instituição e face à alteração do panorama da dança em Portugal. E acrescentava, que "a sua acção será mais incisiva através de fórmulas renovadas, mais directamente dirigidas às necessidades que hoje se identificam neste domínio e mais consentâneas com o seu estatuto institucional".

Perceberam o porquê da extinção?

Pois… eu também não! Mas gostava, eu e os outros espectadores atentos das temporadas de ballet da Gulbenkian, de conhecer os motivos reais da extinção desta companhia de dança já com 40 anos e com provas mais que dadas. Actualizadíssimos, com reportórios e novos espectáculos ensaiados, com espectáculos fabulosos já realizados, e senhores de toda a polivalência que actualmente se exige a um “performer” seja ele de que arte for, o conjunto de bailarinos vai seguramente deixar saudades.

Acresce o facto de alguns dos bailarinos estarem neste momento a braços com a dificuldade em encontrar posto noutra companhia de dança, dada a idade que já têm. Sabemos que a profissão é ingrata com “maiores de idade” (leia-se vintes e muitos, trintas).

Aliás, pasme-se ainda com o comentário do senhor administrador sobre o assunto. Sem mais delongas, afiançou que a decisão de extinção do Ballet Gulbenkian foi unânime e irreversível. Mas como é que uma pessoa destas se mantém à frente de uma instituição como a Fundação Calouste Gulbenkian??

Então mas isto faz-se?!

Dei comigo a pensar se a decisão unânime e irreversível teria a ver com a seca que o país atravessa (e por alminha de quem?!)… logo, com o número de banhos que cada bailarino toma…

Cheguei à conclusão que deve ser apenas por uma questão de visão curta e obtusa.

Pronto, meus amigos, resignem-se que fechou mais uma torneira da cultura, neste país já tão inculto.

quinta-feira, julho 07, 2005

Londres

Choque total!

Os minutos não perdoam, passam a correr, transformam-se em horas e em agonia. O que parecia de início um acidente estúpido e violento, transformava-se agora, garantindo o palco principal de uma tragédia grega com contornos dantescos.

E ainda só eram 11h00 da manhã.

Rapidamente tentei perceber quem conhecia e poderia estar em Londres.
Depois desisti.
Na realidade estava com todos os que corriam em pânico, com os que tinham perdido alguém querido, com os que em agonia ficavam por ali perdidos no próprio limbo, sem tino...
...
De repente lembrei-me do ex-pátria Paulo Ribeiro (http://ex-patria.blogspot.com). Afinal “conhecia” alguém que neste momento estava em Londres...

No seu blog, ao vivo e em directo o Paulo descreveu (e muito bem) Londres como “the twilight zone” (espero, Paulo, que estejas mesmo bem!).
...
Conheço muito bem Londres, dos tempos da TWA. Conheço, por sinal muito bem o metro, que todos os dias apanhava do centro da cidade para o aeroporto e, ao final da tarde, do aeroporto para centro. Conheço os hábitos dos ingleses. Conheço o excuse me apressado, a que me habituei e de vez em quando ainda deixo escapar, entredentes. (Admito que às vezes ainda raciocino em inglês...)

Por isso fiquei chocada. A confusão, as cenas de ataque extraterrestre arrancadas ao imaginário de qualquer entusiasta de ficção...

Na TSF há pouco, após relato digno de Orson Welles feito pelo repórter daquela estação, em Londres e de bicicleta, referiram o inglês de idade que dizia, entre a conhecida frieza britânica e o espírito prático que os já largos anos de vida lhe tinham dado, que amanhã era outro dia e o povo já estava a ultrapassar a situação... como também em 1941 o tinham feito, ao sofrer os reveses da Segunda Grande Guerra.

Hoje, neste momento, essa capacidade afigura-se-me tão surreal como Londres, afundada no caos.