Culpa por ir de férias
Segundo um inquérito realizado pela Teletext Holidays a duas mil pessoas, metade das pessoas que vão de férias são interrompidas com chamadas do emprego, não conseguindo, consequentemente, abstrair-se dos assuntos relacionados com o mesmo. Duas em cada cinco sentem-se culpadas por irem de férias.
O mesmo estudo conclui ainda que as pessoas estão cada vez mais ligadas ao seu trabalho e têm dificuldade em ausentarem-se, tanto em férias como em folgas.
De facto, sempre que vou de férias ligam-me consecutivamente com assuntos que não lembram a ninguém. Já desliguei o telemóvel e já o deixei sem bateria. Sem sucesso. Na realidade, sempre que o fazia, tinha dúzias de mensagens. Se o deixo ligado, tenho dúzias de telefonemas. Até já tentei abstrair-me ao ponto de evitar atender sempre que ligavam. Mas ficava em suspenso a imaginar o que haveria de urgente.
Por um lado nasce um sentimento de culpa, de incómodo, que só ao fim de uma semana começa a diluir-se (se os telefonemas não pararem, este sentimento nunca passa). Por outro, não se consegue desligar, mesmo que queiramos.
Tendo em conta que cada vez mais pessoas tiram duas semanas de férias (e as outras que sobram repartem pelo resto do ano), em vez do saudoso mês inteiro que era habitual há uns 20 ou 30 anos atrás, certo é que quando regressamos ao trabalho, a sensação de férias perdura apenas um dia. O stress não nos larga e suspiramos pelos próximos dias de ausência.
Isto tudo para dizer que este ano tentaram de mil e uma maneiras alterarem as minhas férias. Conseguiram. Tanto que, a certa altura, fiquei apenas com a “opção” de escolher o mês de Agosto, que é o mesmo que dizer: mês de confusão, de época alta e do qual me lembro apenas dos tempos de primária, liceu e faculdade.
Ok.
Se não podes lutar contra, junta-te a eles. Assim decidi tirar quase o mês todo de férias. Inteirinho, só para mim e para mais ninguém. E agora que estou em vésperas de me ausentar, pela primeira vez não sinto culpa. Sinto-me ansiosa por 22 dias de férias que me vão saber… a pato!!