Londres
Choque total!
Os minutos não perdoam, passam a correr, transformam-se em horas e em agonia. O que parecia de início um acidente estúpido e violento, transformava-se agora, garantindo o palco principal de uma tragédia grega com contornos dantescos.
E ainda só eram 11h00 da manhã.
Rapidamente tentei perceber quem conhecia e poderia estar em Londres.
Depois desisti.
Na realidade estava com todos os que corriam em pânico, com os que tinham perdido alguém querido, com os que em agonia ficavam por ali perdidos no próprio limbo, sem tino...
...
De repente lembrei-me do ex-pátria Paulo Ribeiro (http://ex-patria.blogspot.com). Afinal “conhecia” alguém que neste momento estava em Londres...
No seu blog, ao vivo e em directo o Paulo descreveu (e muito bem) Londres como “the twilight zone” (espero, Paulo, que estejas mesmo bem!).
...
Conheço muito bem Londres, dos tempos da TWA. Conheço, por sinal muito bem o metro, que todos os dias apanhava do centro da cidade para o aeroporto e, ao final da tarde, do aeroporto para centro. Conheço os hábitos dos ingleses. Conheço o excuse me apressado, a que me habituei e de vez em quando ainda deixo escapar, entredentes. (Admito que às vezes ainda raciocino em inglês...)
Por isso fiquei chocada. A confusão, as cenas de ataque extraterrestre arrancadas ao imaginário de qualquer entusiasta de ficção...
Na TSF há pouco, após relato digno de Orson Welles feito pelo repórter daquela estação, em Londres e de bicicleta, referiram o inglês de idade que dizia, entre a conhecida frieza britânica e o espírito prático que os já largos anos de vida lhe tinham dado, que amanhã era outro dia e o povo já estava a ultrapassar a situação... como também em 1941 o tinham feito, ao sofrer os reveses da Segunda Grande Guerra.
Hoje, neste momento, essa capacidade afigura-se-me tão surreal como Londres, afundada no caos.
7 Comments:
Em Memória de todos aqueles que perderam a vida, em actos terroristas, aqui fica um poema de Miguel Torga...
REQUIEM POR MIM
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido do corpo
E tolhido da alma.
Morto em todos os órgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me cumprisse como porfiei,
E caísse de pé, num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E, em largo oceano, eternizar
O seu esplendor torrencial de rio.
Tsunami
é bem verdade o que o senhor de idade diz. hoje é outro dia. a situação que se verificou ontem foi muito má, mas poderia ter sido muito pior numa cidade com tantos milhões de pessoas.
fiquei extremamente surpreendido com a maneira como os serviços de urgência, a polícia e sobretudo os media ingleses trataram o assunto. com a devida medida e sem declarações que causassem o pânico generalizado na população.
ontem, vendo as imagens de pessoas que percorriam os túneis do metro após a explosão do comboio onde viajavam, não havia qualquer indício de pânico. para isso também terá contribuído (e muito) o facto das pessoas estarem muito habituadas a problemas no metro. um dos meus colegas do lab esteve em King's Cross, provavelmente num dos comboios que seguia atrás de um dos que foi atingido. foi evacuado em King's Cross sob o pretexto da falha de energia (uma das 1as consequências das explosões) e acabou por voltar para casa.
o facto de Londres ter sofrido imenso durante a 2a guerra mundial faz com que as pessoas não sucumbam com o medo. e essa é a melhor forma de reagir...
ah, é verdade! estou bem de saúde. para além de morar no outro extremo da cidade, já estava no lab quando tudo aconteceu.
e foi preciso um mail do meu irmão para saber o que se estava a passar...
Ai, ai... no local e não sabia de nada, menino Paulo.
:))
Mas pronto estás desculpadíssimo, porque de facto a descrição feita foi rigorosa e tipo "alertas". Ou seja, uma comunicação curta e objectiva, onde as pessoas ficam com uma noção do que se passa sem se perderem em pormenores. Para isso, está o jornal do dia seguinte.
Sobretudo, de louvar, a frieza e organização britãnica. Esta mesma atitude tive oportunidade de observar durante a Guerra do Golfo, numa altura em que estava em Heathrow, na TWA.
Muito bonito Tsunami.
Uma verdade meus caros é que da missa ainda não se sabe a metade , posso só dizer que a situação foi resolvida com mestria ...
Olá Pipocas!
Ando muito triste preciso muito de ti. Este fds vou fazer surf com o Pipo e o resto do pessoal... aparece no sitio do costume... please.
Daniel
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