O Pacote das Pipocas

É desta que não me calo!

quinta-feira, novembro 03, 2005

Aterro do Oeste - O cheiro que se “vê”

Passo às vezes pelo Aterro do Oeste.
Apanho a A8, saio em Outeiro da Cabeça – Campelos e sigo na direcção de Vilar… mas apenas quando não me recordo do cheiro nauseabundo que, a certa altura, se “vê”, se entranha, dá náuseas e apetece sair a correr.
Exala a podre. É fétido.

O cheiro do Oeste é, naquele ponto, entre a saída 10 (Outeiro da Cabeça - Campelos) da A8 e Vilar, um ponto negro no mapa da Estremadura.

Sempre que chego a esse ponto negro, dou comigo a pensar que deveria ter ido “por dentro”: A8 até Torres e fazer a estrada da serra de Montejunto (N115) que, mesmo com curvas, é mais “saudável”.

Vejamos a “estória” do aterro do Oeste:
Toneladas de terra e pedras retiradas, centenas de árvores arrancadas à terra, início de reparação da estrada, a promessa de que um aterro seria mais seguro e limpo para a saúde pública, que estávamos às portas ou em pleno século XXI e na Europa já não se viam lixeiras a queimar a céu aberto. Postos de trabalho às dúzias, benefícios para as populações…

A população ripostou. Chamaram a GNR, chamaram os cães da GNR, chamaram ministros e autarcas, andaram todos em verdadeira verborreia mental e oral (conforme queiram), andaram à pedrada e à paulada….

Depois de muitos atritos, o aterro lá foi inaugurado a 17 de Novembro de 2001.
Era para bem de todos…
Concordo (embora me custe engolir a questão das árvores). Se é para melhor faça-se, ou nunca mais saímos da mediocridade. E depois, as lixeiras sempre são inestéticas e grandes poluentes. Sem dúvida… faça-se o aterro!

Acostumei-me a ver os carros do lixo a entrarem no aterro, seguidos de uma verdadeira maré de gaivotas, à cata de petiscos.

Agora, para quem sai da A8 na saída 10, já é normal percorrer uma estrada reparada, a cheirar a nova: larga, rectas enormes, curvas ligeiras, por entre as árvores. Paisagem de serra, vinhas do oeste, cheiro a terra húmida e a vegetação…. e cheiro… mas que raio?!?! Que cheiro acre a vomitado misturado com diarreia da pior, é este?!?!?!?!

Ah, pois! É o tal ponto negro do mapa que referi no início deste texto.

Qual GNR, qual cães da GNR, qual ministros, qual quê!!! Mas que gaita!!! Tenho que levar com o cheiro a merda, sempre que passo por ali???
Desgraçadas as populações que vivem porta-a-porta com aquele cheiro! O braço de ferro impõe-se. Pode ser que aqueles senhores recebam, via CTT - correio azul ou Post Express - um potezinho de terra, do aterro do Oeste, e um frasquinho com o melhor e mais caro… cheiro a caca!

*****

A propósito deste assunto, a Lusa, no dia 28 de Outubro de 2005 noticiava que a Resioeste, entidade gestora do aterro, ultrapassara a sua capacidade. Segundo o artigo A Resioeste (…) previu que seriam depositadas por ano 140 mil toneladas mas, em 2003 e 2004, esse número era de 175 mil toneladas. Este incumprimento foi denunciado à Comissão Europeia pelo Movimento Pró-Informação (MPI).

Parece que a denuncia levou a EU a exigir que o Estado português cumpra os requisitos a que estava obrigado no projecto inicial, caso contrário será punido com (mais) uma multa.

Pois é, meus amigos… só “vendo”.

P.S.: As gaivotas entretanto, devem ter migrado. Antes apanhar gripe das aves do que uma caganeira!!