O Pacote das Pipocas

É desta que não me calo!

quarta-feira, março 23, 2005

O que tem a queda do escadote a ver com a salsicha podre do porco-morto-e-murcho?

(tem tudo)

Faz um ano que aconteceram mil e uma coisas. Mas todos os dias é aniversário de alguma coisa, dizem-me vocês. Pois é, mas igual a esta...

Há um ano atrás, também em vésperas de Páscoa, o pai de uma grande amiga caiu de um escadote, enquanto estava a fazer uma simples tarefa de bricolage, em casa. Costelas partidas, hematomas e conselhos médicos para repouso e não fazer grandes esforços.

Um ano depois... ontem, comemorava-se o aniversário de um familiar. As senhoras discutiam que repasto iriam cozinhar. Decidiram-se por salsichas frescas. Todos gostam, há imenso tempo que ninguém comia....

Saíram da panela “toneladas” de salsichas de aspecto apetitoso.

O Pai chegou do trabalho, comeu, gostou. As outras pessoas começaram a tentar saborear e quase caíram para o lado porque as salsichas estavam estragadas, com um cheiro nauseabundo e um sabor ainda pior.

Comentários jocosos para aqui, bocas reaccionárias para ali, até se argumentou que as salsichas nunca poderiam estar frescas porque o porco já estava morto e a “salsicha murcha” (nasce um porco para ouvir uma coisa destas... depois de morto!).

Mais comentários e, de repente, alguém lembrou-se que o pai também comera o raio das salsichas. Seria praga que lhe rogaram? O homem ainda ia pensar que era tentativa de homicídio classificado em primeiríssimo grau! No ano passado a culpa ainda era do escadote... mas este ano...

Este ano a salsicha-podre-do-porco-morto-e-murcho entrara em acção???

Ufff!! felizmente não, “que não se preocupassem, que estava bem, até tinha gostado, e só não comeu mais porque era à noite e podia cair-lhe mal”.

Imaginem se lhe tivesse caído bem!!!!

Resultado: o dia de aniversário celebrou-se em cheio com umas latinhas de atum, arrozinho branco, uma sopita e bolinho de aniversário, daquele que caiu-que-nem-ginjas.

Pelo menos todos se vão lembrar do porco-morto-e-murcho. Uma espécie de epitáfio em memória do bicho.

segunda-feira, março 21, 2005

O ideal, a mulher e o homem ideal. O que é afinal o ideal?

Um amigo referia-me, há pouco tempo, que a pessoa ideal era um bom tema para um blog.

De facto é um assunto pertinente, até porque o que é ideal para uns pode não o ser para outros de tão subjectivo que é o tema.

Os ideais de cada um concentram-se em coisas simples ou mais complicadas como sejam a beleza, a maior ou menor dose de cultura, a idade, o status social, a segurança que se pode conseguir (seja ela material ou emocional), a compatibilidade sexual e de feitios. É seguro que, para além destas, existam muitas mais características no nosso imaginário, que nos permitem afiançar, com convicção, que o nosso ideal é isto ou aquilo

Basta estarmos habituados a determinadas “mordomias” no nosso dia a dia, para já serem diferentes as necessidades sentidas por mim, ou por qualquer uma das pessoas que se cruzam diariamente comigo, conhecidos ou desconhecidos. Por exemplo, nas cidades as necessidades são diferentes das que existem nas aldeias. No litoral diferentes são das sentidas no interior. E as que sentimos hoje, agora, ao minuto, não são de certeza as que um nosso vizinho europeu sente.

Assim sendo, o ideal tem muito que se lhe diga. É um sentimento inato e depende da vivência de cada um de nós, seja ela a nível cultural, socio-económico ou político.

Verdade se diga: a mulher ou o homem ideal não existem, tal como não existe a mulher ou o homem perfeitos. O que existe, garantidamente, é o factor perfeccionismo dentro de cada um, que incessantemente nos faz procurar o conforto numa ideia ou numa maneira de estar na vida, que melhor se identifique com a nossa maneira de ser.

sexta-feira, março 11, 2005

Um furo...

No pneu traseiro do lado esquerdo. Direcção muito pesada, o carro a fugir para um lado. O que vale é que não andei muito.

Que chatice! E logo de manhã.

quinta-feira, março 10, 2005

Finalmente chove…

Aliás, chuvisca.

O tempo está finalmente cinzento e húmido. O raio da chuva é que vem cheia de poeiras. Ao menos que chovesse forte e feio durante uns tempos. Não só nos resolvia muitos problemas, lavava a alma e as ideias a muito boa gente e… também muito importante… o meu carro ficava limpinho!!

Ai, ai (suspiro)…

quarta-feira, março 09, 2005

Ó mãe, já sei onde é que se faz sexo

Quem tem filhos sabe, melhor do que eu, que as crianças chegam àquela altura em que a curiosidade é muito forte e não se ficam só com um “porque sim” como resposta.

Se é o mano que vem a caminho, salta a questão de como é que ele foi para aí (deditos apontados às barrigas salientes das mamãs) e como é que ele vai sair.

Grande mistério…

A história da semente já está um pouco batida e, por isso, nem todas as crianças “caiem” na patranha do papá-pôs-a-semente-na-mamã. Aliás, quem cai, logo a seguir pede explicações técnicas sobre como é que a semente foi “ali” posta.

Os pais suam, tentam descartar… e as crianças continuam na senda dos porquês. Nada fica esclarecido até à idade da descoberta-a-valer.

A Inês, filha da Tsunami (uma contribuinte para os comentários deste “berlogue”), é a reguila, no feminino, mais divertida que conheço. A idade e a desenvoltura da pequena, propícia os porquês e, ao mesmo tempo, dá as respostas e faz nascer as histórias.

Numa destas manhãs, enquanto a mãe se debatia no trânsito infernal a caminho do infantário, a Inês decidiu dar uma lição de educação sexual lá do alto da sua cadeirinha, no banco de trás do carro.

“ Ó mãe, já sei onde é que se faz sexo”. A Tsunami olhou pelo espelho retrovisor e respondeu “Siiiiiimmmmm, Inês?”. A Inês continuou, muito calmamente “não se faz sexo na rua nem na cama”.

A Tsunami a tentar engolir as “ondas” de riso que lhe subiam ao nariz, fez um compasso de espera e expectativa, para logo de seguida ouvir a explicação técnica da coisa: “não se faz na rua porque é feio e as pessoas vêem e não se faz na cama, porque a cama é para dormir e adormecemos”.

Por isso:
Para quem não sabe, o conforto da caminha e o cigarrinho depois do acto, já passaram à história (aliás, tenho um amigo que insiste em afirmar que “isso só nos filmes”. Nem discuto. Até nem fumo!). Na rua, com o frio que tem estado, se calhar deixou de ser “boa” ideia.

Se a cama e a rua já não servem, que tal inovar???? Como responderiam os nossos marketeers e publicitários a esta questão?

Estou curiosa…

segunda-feira, março 07, 2005

Produção em série

Produz em série o dia inteiro.
Escreve, apaga, põe, repõe.
Pára para o cafézinho.
Pára para o cigarrinho.
Escreve, apaga, põe, repõe.
Diz, desdiz, escreve, apaga, põe, repõe.

Corre, salta, pula e apanha.
Escreve, apaga, põe, repõe.
Diz, desdiz, escreve, apaga, põe, repõe.

Atende automática, responde.
Desliga,
Escreve, apaga, põe, repõe.
Diz, desdiz, escreve, apaga, põe, repõe.

8 de Março - daqui a pouco é o dia da MULHER.

Será possível enamorar-nos...

De uma casa,
De um móvel,
De uma flor,
Ou de uma dor?

Sim é possível perder-nos, sonharmos, sentirmos ou sentir-te...
Também olho, sinto, sofro contigo, sempre que olhas, sentes e sofres.

Mas às vezes é um sufoco sentir, assim, o que os outros também sentem. Dói e sufoca. Nem as lágrimas diluem o que nos vai na alma, no pensamento.

Para ti que estiveste e deixaste de estar...
Para ti que, apesar de tudo, vais estar sempre
Para ti que perdeste e ganhaste
Para ti...

Ai...ai, quase nem me aguento

Depois de alguns anos parada, sem fazer desporto de espécie alguma, exceptuando os passeios a pé com a minha cadela, decidi que era altura de recomeçar. E voltei em cheio, com hidro ginástica e hidro bike, os últimos gritos em ginástica aquática (se é que se pode assim chamar), óptimo para ganhar resistência, segundo os especialistas na matéria. Com imensa fama e uma legião de adeptos nos EUA e no Brasil, os portugueses aos poucos vão-se rendendo.

Decidi que não sou mulher para dizer que desta água não beberei: inscrevi-me (com a Tsunami, que isto nós mulheres gostamos de fazer tudo acompanhadas) e “ataquei” a piscina com um mergulho à Esther Williams e umas braçadas em crawl, o meu estilo de eleição dos tempos (anos a fio) em que nadava num conhecido clube da capital.

O primeiro dia, tendo em conta que a hidro ginástica é uma espécie de aeróbica dentro de água, com movimentos de natação, não representou novidade. Sem contar com às vezes que troquei a esquerda pela direita, os pés pelas mãos e não acertava a mão esquerda com o calcanhar direito e a mão direita com o calcanhar esquerdo... até me saí muito bem.

No segundo dia, entrei piscina dentro, graciosa como uma ave penugenta à procura de abrigo, preparada para dar o mergulho artístico da praxe, como se de um mortal à frente encarpado se tratasse (para o 1,30 m de altura de água da piscina). Respirei fundo com ar de entendida.

De repente olhei os avisos na parede.

Uppppsss. Então não é que não posso mergulhar que nem garça à procura de peixe?!?!?! Olhei para um lado e para o outro, de soslaio, como convém nestas alturas. “Ontem devo ter dado um belo espectáculo”, pensei com os meus botões.

Bom lá saltitei para a piscina. Nadei durante um bocado, até ir bater nos guiadores das bicicletas que já se aprumavam preparadas para a aula de hidro bike. Disfarça Pipocas... disfarça que ninguém reparou.

O.k., vamos lá à aula.

Pedalei durante quase uma hora seguida Dentro de água que é para não custar nada (desenganem-se, que “aquilo” custa à brava!!). Agora levanta, agora desce, agora mexe para a direita e agora para a esquerda. Agora aguenta, aguenta... está cansada? Não mexe os ombros, aguenta... está cansada?

Não, não estou....(ai que apetece-me parar). Então toma lá... aguentas sem cansaço, tens o mesmo treino que as outras que pedalam há meses. Não dou o braço a torcer... vou até ao fim. Aguenta.

Aiiii... estou que nem posso! No final deste mês já devo ter calo no cú como o macaco!

quarta-feira, março 02, 2005

Tia Babada II: A minha princesa Inês

Ontem, como era o dia dos sobrinhos, também estive a falar com a minha sobrinha “adoptiva” Inês, de grandes caracóis e uns vaidosos (e com toda a razão) olhos azuis.

Nos seus cinco anitos, muito faladora, ontem insistia que dai a dois dias (naquelas idades em que o tempo é uma nuvem sem princípio, meio e fim, e que dois dias são uma eternidade e um mês é já daqui a um bocado) ia entrar na escola primária, que o infantário já não é para ela, uma senhora. “Tens quase a minha idade, não é?”, perguntei-lhe, “Pois é”, confirmou ela com convicção.

Pronto, beijinhos para aqui e para ali, e despedimos-nos. De imediato me lembrei da Inês, no Natal do ano passado. Liguei à minha amiga para lhe desejar as boas festas e a Inês quis logo falar comigo ao telefone.
- Então meu amor, estás boazinha?
Do outro lado a Inês respondia com um doce sim, ao mesmo tempo que acenava a cabecita.
- Olha, o que foi que pediste ao Pai Natal?
- Amiga… o Pai Natal não existe!
(Glupppp!!! E agora Pipocas???? O que vais dizer à criança????)
- Olha a chatice! E agora que eu já tinha pedido as minhas prendas ao Pai Natal!
(Ufff!!! Safei-me!)
- Amiga…tu já és adulta e o Pai Natal é para as crianças. Não podes pedir presentes ao Pai Natal.
(OOOOOppppps!!!)
-Achas?!
(Pensa rápido Pipocas, porque esta criança não é como as outras!)
- Claro. O Pai Natal já não existe porque foi-se embora há muitos anos. Agora só há daqueles nos centros comerciais!
("daqueles nos centros comerciais" fez-me soar a hamburger-com-sabor-a-plástico)
- Pronto Inês, se tu o dizes…

De repente achei que só eu acreditava no Pai Natal.

Ai, ai (suspiro). Já não se fazem criancinhas como antigamente!

P.S.: Nem me lembrem de vos contar a história do “sexo”.

Tia Babada I: Puto reguila 1 + Puto reguila 2 = um braço partido e uns dedos entalados

Sou uma tia babada de imensos sobrinhos. Uns à séria”, os outros “adoptivos".

Dois dos sobrinhos “à séria” são os putos mais reguilas que conheço. O Miguel de cinco anos e o Rodrigo de quase três anos.

Ontem estive com eles… o que deu lugar a um início de noite (muito) agitado. O Miguel e o Rodrigo são mesmo bem dispostos e levados da breca, com um efeito idêntico ao de uma “chain reaction”.

Ontem o Miguel estava muito compenetrado, atrás dos seus óculos que lhe emprestam um ar intelectual e responsável de mano mais velho. Distraidíssimo assistia a mais uma aventura do Tom & Jerry. De vez em quando chamava pela tia e conversava como um menino bem comportado. Mas esta calmia toda não é nada habitual, porque o Miguel é um menino muito maroto, que adora pregar partidas, irrequieto, embora muito dócil.

Por seu lado, o Rodrigo, o reguila-mor, sempre ligado à electricidade, irrequieto e super falador, voava para os braços de quem o apanhasse depois de trepar rápida e agilmente para o braço de um sofá, levando os adultos a lançarem-se em voo picado atrás dele, não fosse fazer “algum disparate”, daqueles que já lhe deram um bracito engessado de presente, no último fim-de-semana, depois de uma brincadeira mais atrevida com o irmão.

A novidade é que o Rodrigo, que entrou agora para a escolinha, aprendeu umas palavras menos “próprias”. Os adultos da família já tentaram várias versões para demovê-lo: 1 - não ligar ao que diz; 2 - pedir-lhe explicações “técnicas”, 3 - ralhar com ele. Como nenhuma resultou, a última versão é a pimenta no dedo. É que o Rodrigo não só sabe empregar as ditas palavras, como se ri às gargalhadas quando as diz, ciente de que está a fazer malandrice.

Ontem, pela milésima vez, a avó paterna espetava o dedo no ar e dizia: “Olha, estás a ver o dedo?”, O Rodrigo já sabe que a pimenta repousa (virtualmente) lá em cima. Lança-se logo em tom de birra: “Nããããa qééééé pimentaaaaaaa!!!!”

“Então não voltas a dizer isso”, diz-lhe a avó. O Rodrigo com um ar entre o sério e o divertido diz “Ê nã disse nada!”

O Miguel entretido com os desenhos animados nem ligava… até que chegou o pai. Correu para os mimos, fez diabruras e a tia, babada como sempre, ensinou-lhe mais uma ou duas partidas (para ajudar a festa, claro). De imediato pendurou-se nas pernas do pai e, em altos brados, dizia: “Xiiiiiiii-xiiiiiiii-xiiiiiii. Ó pai já estás aflito de fazer xi-xi? Xiiiiiiiii-xiiiiiiiii!!!” e depois, em delírio total: “Ó tia ajuda que o papá Nuno quer ir à casa-de-banho e eu não deixo!!!”

A brincadeira pegou… de tal maneira que o Rodrigo empurrou a porta da casa-de-banho e o Miguel entalou os deditos.

Ai, ai (suspiro)…

Conclusão: As crianças de hoje não trazem manual de instruções.