Million dollar baby - O Clint Eastwood supera-se
Gosto da visão dura e crua que Clint Eastwood tem sobre a vida. Salvo um ou outro filme que tem realizado (como o pouco interessante Space Cowboys), a realidade é que, cada vez mais, aprecio o sentido apurado e o olhar aguçado que tem sobre a verdade das coisas. Sem lamechices. Sem americanices. Sem a mania de o que é nacional é que é bom e viva o Uncle Sam.
Mas... agora sai-se com um filme sobre boxe??? Não é propriamente o género que mais aprecio. Raciocina rapariga: o Clint a fazer um filme de boxe??? Não me parece. Tem que ter mais qualquer coisa. Quem não se lembra do Mystic River, por exemplo? Como a curiosidade mata o gato, o melhor é ir ver...
Fui ver. No dia em que estreou. Não me arrependo. Nada. Aliás, aconselho vivamente.
O filme é um murro no estômago e um murro nas convicções mais rígidas. É um filme do qual se sai sem palavras, mas com a mente a fervilhar.
Trata sobre a violência no desporto e a dedicação que exige. A entrega total. Mas, sobretudo, trata das relações humanas. Dos desejos e frustrações. Dos dramas familiares. Do querer e não poder. Do egoísmo. Da ganância. Do perdão e da desilusão.
Fala também na semelhança entre duas pessoas, ao mesmo tempo tão diferentes e tão iguais, Poderia quase dizer-se, que passaram pelas mesmas dificuldades e alegrias, pelo mesmo amor ao desporto e à vida. A um renasce-lhe o prazer de viver. A outra a esperança e aprende o sabor da alegria de alcançar o que sempre desejou.
Mas o filme, que também é sobre o boxe, não esqueçamos, vai mostrar quão violenta pode ser esta modalidade... o que conduz à segunda questão delicada: a eutanásia.
Antes ainda de nos questionarmos qual a legitimidade da mesma, adivinha-se a necessidade. Compreende-se porque é desejada. Há uma luta de emoções. Há uma luta pela morte. É a violência e o drama de se desejar a morte, porque o corpo está morto e a mente sã. Quem poderá compreender isso senão o próprio?
Que dizer? Que concluir? Não sei. As ideias ainda fervilham...
Sei apenas que a eutanásia só pode ser um golpe de misericórdia. Uma libertação.
Sim... apenas isso.
Questiono-me se a Academia perceberá e aceitará isso.
6 Comments:
Pé de galo, só conheço a mesa e a jogada nas damas (que o meu pai me ensinou e que eu gostava de me lembrar, mas debalde). Agora, se te lembrares desse nó, gostava de o aprender..
Prometido.
;)
tenho pena de ainda o não ter visto, mas não sei se ainda vou a tempo ou se já saiu das salas... pode ser que com a febre tipíca pós-estatuetas douradas eles mantenham o filme na esperança de sacar mais uns cobres ao pessoal.
esperemos...
Paulo, vais de certeza a tempo. O filme estreou na passada quinta-feira e deve ficar em cartaz por mais umas duas semanas. Pelo menos em Lisboa.
pois, eu estou no mesmo fuso horário mas um bocadinho mais a norte, em londres de inglaterra. e aqui já estreou há uns tempos...
Ohhh... que pena.Bom, mas a esperança é a última a morrer já lá dizia... (não sei quem?!?!?!). Com sorte, numa vinda a Portugal, ou o arranjas no clube de vídeo mais próximo ou está a passar em alguma das TV nacionais que, entre novelas de chorar baba e ranho durante meses a fio, e concursos marados, lá "metem" uma coisita ou outra de jeito.
;)
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